Guia para a autenticação dos códigos de data da Louis Vuitton

A história, formatos e autenticação dos códigos de data da Louis Vuitton

A Louis Vuitton é uma marca que todos conhecem, um nome sinónimo de luxo e mestria artesanal, cobiçada tanto por entusiastas da moda como por colecionadores. Um dos elementos-chave que contribui para o fascínio e autenticidade da marca é o uso de códigos de data. Estes códigos, discretamente colocados nos produtos, oferecem informações sobre a origem e a data de fabrico do artigo. Compreender estes códigos é essencial tanto para compradores como para vendedores no mercado de luxo, especialmente no caso de malas vintage produzidas antes de março de 2021.

Uma breve história dos códigos de data da Louis Vuitton

O início dos códigos de data nos produtos Louis Vuitton remonta ao início da década de 1980. Antes disso, a marca não utilizava nenhum sistema de codificação para indicar os detalhes de fabrico. A introdução dos códigos de data foi, sobretudo, uma resposta ao aumento da presença de produtos falsificados que começaram a aparecer no mercado. Ao incorporar códigos específicos nos seus artigos, a Louis Vuitton procurava oferecer um método de verificação de autenticidade e rastreabilidade da origem.

Porque são importantes os códigos de data

O objetivo dos códigos de data da Louis Vuitton sempre foi rastrear a origem dos produtos e funcionar como uma camada adicional de autenticação. Antes dos anos 80, os artigos da Louis Vuitton não apresentavam qualquer tipo de marcação. No entanto, à medida que a procura global aumentava e o mercado de contrafação crescia, a marca introduziu os códigos de data para ajudar a controlar a qualidade e estabelecer a proveniência.

Estes códigos evoluíram ao longo do tempo, tornando-se mais detalhados e sistemáticos, em resposta à expansão da produção e às necessidades dos consumidores. Embora nunca tenham sido pensados como prova única de autenticidade, são um dos elementos mais consultados durante os processos de verificação.

Evolução dos formatos dos códigos de data

Ao longo das décadas, os formatos dos códigos de data da Louis Vuitton passaram por várias transformações, para aumentar a segurança e fornecer mais detalhes sobre o fabrico:

• Antes de 1980: Não existiam códigos de data.

• Início dos anos 80: O formato inicial incluía três ou quatro algarismos. Os dois primeiros indicavam o ano e os restantes, o mês. Por exemplo, “823” indicava março de 1982.

• Meados/finais dos anos 80: Introdução de letras que representavam a fábrica de origem. O código incluía três ou quatro números seguidos de duas letras. Por exemplo, “874VX” indicava abril de 1987, fabricado em França.

• 1990 a 2006: O formato passou a ser duas letras seguidas de quatro números. As letras indicavam a fábrica e os números, alternadamente, o mês e o ano. Exemplo: “VI1025” correspondia a dezembro de 2005, fabricado em França.

• 2007 até início de 2021: O formato foi ajustado. As duas letras continuavam a indicar a fábrica, mas os números passaram a representar a semana e o ano de fabrico. Exemplo: “BC2057” significava a 25.ª semana de 2007, produzida em Itália.

• A partir de março de 2021: A Louis Vuitton abandonou os códigos visíveis e passou a usar microchips embutidos nos produtos. Invisíveis a olho nu, estes chips armazenam dados detalhados sobre origem, data de fabrico e muito mais, oferecendo maior rastreabilidade e combate à contrafação.

Códigos de fábrica: localização de produção

As letras presentes nos códigos de data correspondem à fábrica onde o artigo foi produzido. Alguns exemplos comuns incluem:

• França: A0, A1, A2, AA, AR, BA, BJ, BU, DR, DU, CO, CT, ET, FL, LA, LW, MB, MI, NO, RA, RI, SD, SF, SL, SN, SP, SR, TA, TJ, TH, TN, TR, TS, VI, VX

• Itália: BC, BO, CE, FN, FO, MA, NZ, OB, PL, RC, RE, SA, TD

• Espanha: CA, LO, LB, LM, LW, GI, UB

• EUA: FC, FH, LA, OS, SD, FL, TX

• Alemanha: LP, OL

• Suíça: DI, FA

Nota: alguns códigos como “SD” ou “FL” podem aparecer em mais do que um país. Códigos como “VI” são usados em encomendas personalizadas e “DK” para artigos retrabalhados em loja.

Onde encontrar o código de data

Encontrar o código de data numa peça Louis Vuitton pode ser difícil, já que são frequentemente colocados de forma discreta para preservar a estética do design. Locais comuns incluem:

• Carteiras e malas: Bolso interior, em abas de couro ou costuras.

• Pequenos artigos de couro: Ao longo do bordo interior de compartimentos para notas ou no interior de bolsos.

• Agendas: Sob a aba mais próxima da costura.

• Bagagem: Próximo das pegas ou no interior de compartimentos.

Em artigos com forro de alcantara, os códigos podem desaparecer com o tempo, tornando a leitura mais difícil.

O papel dos códigos na autenticação

Apesar de úteis, os códigos de data não são prova única de autenticidade. A falsificação evoluiu e é comum encontrar cópias com códigos aparentemente legítimos. Por isso, a verificação deve considerar:

• Fonte e gravação: Códigos autênticos têm fonte consistente e gravação limpa.

• Materiais e fabrico: Produtos genuínos usam materiais de elevada qualidade e acabamento irrepreensível.

• Costura e ferragens: Pontos regulares e metais de alta qualidade são marcas de autenticidade.

• Consistência de design: O estilo deve corresponder a modelos conhecidos da época (ex: a Neverfull tem o código sob o bolso interior).

• Códigos raros: “VI” (encomenda personalizada), “DK” (reparações de loja), entre outros.

Depois de Março de 2021

A partir de março de 2021, a Louis Vuitton substituiu os códigos de data visíveis por chips NFC embutidos no forro. Estes chips contêm informações detalhadas sobre fabrico e só podem ser lidos com equipamentos específicos da marca.

• Diferença chave: Já não existe código visível. Os dados de autenticidade só podem ser acedidos via scan digital numa loja da marca.

• Implicação: Para produtos pós-2021, os compradores devem recorrer a plataformas de revenda confiáveis ou lojas oficiais para verificar os dados.

Exemplos de localização do código de data nas malas  da LV

• Speedy: Aba de couro cosida na costura do bolso interior.

• Neverfull: Na aba de couro na borda interior do bolso com fecho.

• Alma: Dentro do bolso ou ao longo da costura lateral.

• Keepall: Na aba junto à pega ou no bordo superior interior.

• Artsy: No forro, dentro de um bolso lateral, ou em aba de couro vachetta no bolso interior.

Recebemos com frequência malas Louis Vuitton para restaurar ou reparar, e muitas vezes os clientes não sabem se a peça que possuem é autêntica, especialmente se for uma prenda ou peça herdada. Nestes casos, é fundamental cruzar o estilo da mala com o período do código (ex: uma Speedy dos anos 70 nunca deverá ter um código dos anos 90!).

Ao longo dos anos, a Louis Vuitton utilizou vários tipos de letra nos seus códigos de data, como forma de dificultar a falsificação. Dependendo do ano e local de produção, pode-se encontrar códigos em serifa ou sem serifa, por exemplo, duas Speedy diferentes podem apresentar estilos distintos.

Além disso, um mesmo modelo pode apresentar o código em locais diferentes ao longo do tempo, conforme a produção foi sendo feita em fábricas em França, Espanha ou EUA. A forma como o código é gravado também varia consoante o material: Alcantara, couro ou Epi (estampado com tinta).

Estas variações, por vezes confusas para quem não está familiarizado com a marca, são intencionais. Fazem parte da estratégia da Louis Vuitton para garantir autenticidade e dificultar a imitação.

Compreender os códigos de data da Louis Vuitton é uma competência valiosa para qualquer pessoa envolvida no mercado de luxo. Estes códigos fornecem pistas sobre a história do artigo e são um dos elementos que ajudam a verificar a sua autenticidade. No entanto, devem ser usados em conjunto com outros critérios. À medida que a marca continua a inovar na luta contra a contrafação, manter-se informado é essencial para colecionadores e entusiastas.